O que é um “recall de veículos”?

Os compradores de automóveis novos esperam que tudo no seu veículo funcione como é suposto. Embora as peças automóveis se desgastem com o tempo, também podem ocorrer problemas prematuros por culpa do fabricante. Nesses casos, o fabricante deve assumir toda a responsabilidade e emitir um “recall de veículos”: trata-se de um aviso de recolha de segurança.

Um recall é uma reparação gratuita de um defeito relacionado com a segurança. Estes defeitos podem ser de qualquer tipo, desde uma cablagem de rádio defeituosa a porcas soltas. Quando um determinado modelo é objeto de um recall, os seus proprietários são notificados por correio, e-mail, ou telefone. No entanto, apenas 75% dos veículos convocados são levados para reparação.

Porque é que isso acontece e como podemos ter a certeza de que o carro está em condições para ser conduzido de forma segura?

Quem emite os recalls de carros?

Embora o processo de recolha de automóveis seja semelhante em diversas regiões, pode variar consoante o país e a sua regulamentação.

Por exemplo, nos EUA, as recolhas de automóveis costumam ser iniciadas pelos fabricantes de veículos ou pela “National Highway Traffic Safety Administration” (NHTSA), enquanto na Europa, a recolha pode ser efetuada não só pelo fabricante mas também:

• por uma autoridade reguladora, como a Comissão Europeia, se forem identificados defeitos relacionados com a segurança através dos seus mecanismos de regulamentação e controlo;
• por autoridades nacionais em estados-membros que colaboram com as autoridades reguladoras para garantir que as recolhas são realizadas de forma eficaz e que os proprietários de automóveis são informados;

Os consumidores podem influenciar o processo de recolha, comunicando potenciais riscos às agências reguladoras e aos fabricantes. No entanto, a decisão de efetuar uma recolha só é tomada após investigações exaustivas conduzidas pelas partes mencionadas.

No caso de um recall de carro do fabricante, este é obrigado a reparar o defeito de forma gratuita.

Quando é que os “recalls” expiram?

De forma geral, os recalls de carros não têm prazo de validade e podem ser transferidos de um proprietário para outro. A convocação emitida permanece em vigor até que todos os veículos afetados tenham sido reparados ou substituídos (se o problema não puder ser corrigido), independentemente do tempo decorrido.

No entanto, há uma exceção para os pneus – os recalls de pneus só são válidos por 60 dias após a data de emissão.

Os concessionários podem recusar-se a cumprir com os recalls?

As recolhas de segurança só são emitidas quando a culpa do fabricante é comprovada. Por isso, os concessionários autorizados são obrigados por lei a cumprir com as recolhas de segurança e a aceitar as reparações necessárias sem qualquer custo para o proprietário do veículo.

No entanto, em determinadas circunstâncias, alguns podem tentar cobrar-lhe uma taxa ou recusar-se a corrigir a avaria. Por exemplo, tal pode acontecer se o veículo tiver mais de 15 anos ou tiver sofrido uma inundação. No entanto, cada situação é distinta e deve contactar o fabricante do seu veículo ou as autoridades reguladoras se considerar que o concessionário se está a recusar injustamente a responder a um recall.

É importante lembrar que as recolhas de automóveis são realizadas para garantir a segurança de todos na estrada e não devem ser tomadas de ânimo leve.

Alguns recalls de carros são vitais

Embora a maior parte dos recalls tenha a ver com materiais vulneráveis e problemas de software, alguns fabricantes têm-se deparado com problemas mais graves.

Em 2016, o escândalo das emissões da Volkswagen abalou o mundo automóvel. O fabricante alemão alterou o software do motor a gasóleo de forma a conseguir emissões 40 vezes mais baixas nos testes. Quando a verdade foi revelada, a Volkswagen foi obrigada a fazer a recolha de 11 milhões de veículos e a suportar uma despesa avultada de 15,7 mil milhões de dólares.

Na década de 2000, a Ford teve de recolher quase 15 milhões de automóveis, camiões e SUV por causa de interruptores de controlo de velocidade de cruzeiro defeituosos que tendiam a desgastar-se prematuramente e a provocar curtos-circuitos ao ponto de causar incêndios.

Outro incidente bem conhecido ocorreu nos anos 90. O piso de borracha de alguns pneus Firestone tinha tendência para se separar da cinta de aço subjacente a alta velocidade e em climas quentes. Tal levou a explosões inesperadas de pneus e a capotamentos de SUV da Ford. Agora, os fabricantes utilizam o sistema de controlo da pressão dos pneus (TPMS) para evitar situações em que os pneus fiquem com pressão insuficiente.

Ao comprar um veículo usado, tenha atenção aos recalls

Ao comprar um veículo usado, não descure os avisos de recolha. Verifique se existe algum recall em aberto e, em caso afirmativo, evite a compra ou certifique-se de que as reparações continuam a ser gratuitas. Um recall ativo significa que ninguém levou o carro para reparações depois de ter sido emitido o aviso e que o carro ainda tem defeitos relacionados com a segurança, que terá de ser o novo proprietário a resolver.

Geralmente, os fabricantes emitem avisos de recolha após receberem vários relatórios sobre o mesmo defeito de segurança. É muito provável que um automóvel com um recall aberto já tenha tido incidentes.

Tente descobrir o número de identificação do veículo (VIN) e consulte o histórico do veículo para saber mais sobre acontecimentos passados e a sua gravidade.

Pode informar-se sobre os recalls do seu veículo através da internet

Os fabricantes enviam avisos de recolha só uma vez – ao proprietário atual. Se comprar um carro a alguém que não tenha tratado da recolha, pode nem suspeitar de nada. Por vezes, os proprietários de veículos podem nem sequer saber que o seu carro pode pegar fogo acidentalmente ou perder uma roda.

Para saber mais sobre potenciais recolhas, pesquise a marca, o modelo e o ano do seu automóvel, seguido da palavra “recalls”. Alguns sites só exigem o número de identificação do veículo para revelar estes dados.

É difícil indicar um site para verificar estas informações, porque variam consoante o país. Se descobrir que existe um recall em aberto para o seu veículo, contacte o seu concessionário local e poderá resolver o problema sem gastar um cêntimo.