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Como comprar um veículo usado do estrangeiro (e como a carVertical te pode ajudar)

Renata Liubertaitė

Renata Liubertaitė

Comprar um carro usado no estrangeiro pode ser uma forma inteligente de poupar dinheiro. Também te permite encontrar modelos exclusivos, ou conseguir versões que não existem no mercado nacional. Mas atenção: o processo de importação envolve regras, impostos, e vários procedimentos burocráticos. Se não os conheceres bem, podes acabar com custos inesperados e atrasos frustrantes.

Um relatório da carVertical é uma ferramenta essencial neste processo: permite-te confirmar o histórico do carro (acidentes, quilometragem, utilização do veículo, entre outros) através do número VIN do veículo – para que evites problemas legais e mecânicos.

Seguir os passos certos ajuda-te a garantir um bom negócio e a minimizar os riscos.

Com receio de comprar um ferro-velho?

Verifica qualquer VIN e descobre o histórico do veículo!

1. Conhece as regras de importação

Documentos necessários do país de origem

Antes de trazeres o carro para Portugal, convém reunires toda a documentação no país de origem do veículo:

  • Comprovativo de compra – fatura (no caso de compra a stand ou concessionário) ou declaração de venda (no caso de compra a particular);
  • Certificado de matrícula estrangeiro – o equivalente ao nosso Documento Único Automóvel (DUA), prova que o veículo está legalmente registado no país de origem;
  • Certificado de Conformidade (COC) – emitido pelo fabricante e, geralmente, fornecido pelo vendedor; comprova que o veículo cumpre as normas europeias. Se o vendedor não o tiver, terás de pedi-lo ao fabricante.
  • Guia de transporte – se o veículo for trazido para Portugal por uma empresa de transporte, deves pedir o Guia à transportadora.
  • Comprovativo de inspeção válida – nalguns países, a venda só pode ocorrer com a inspeção em dia.

Atenção: Se algum destes documentos não estiver em português, será necessária uma tradução certificada. No entanto, documentos em inglês, francês, ou espanhol costumam dispensar tradução – ainda assim, convém sempre confirmares junto do IMT.

Impostos obrigatórios

A origem do carro, a data de fabrico, a cilindrada, e a classe de emissões afetam diretamente os impostos que poderás ter de pagar em Portugal.

  • ISV (Imposto Sobre Veículos): pago uma única vez, no momento da primeira matrícula em Portugal. Quanto mais antigo e menos poluente for o carro, maior o desconto.
  • IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado): aplicável a veículos com menos de seis meses ou menos de 6000 km – mesmo que o IVA já tenha sido pago no país de origem.
  • Direitos aduaneiros: se o carro vier de fora da União Europeia ou da EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre), podem aplicar-se taxas alfandegárias adicionais.

Dica: O Portal das Finanças disponibiliza um simulador de ISV através do qual podes calcular o valor exato a pagar. Se não sabes o nível de emissões ou a cilindrada do veículo, podes consultá-los num relatório da carVertical.

Atenção redobrada a veículos fora da UE

Se o carro vier de fora da União Europeia, aplica-se um conjunto de regras mais exigentes. É preciso cumprir essas normas antes de ele poder circular legalmente em Portugal. Em muitos casos, será necessário realizar adaptações técnicas para garantir que o veículo cumpre as normas europeias de segurança e emissões.

Algumas das modificações mais comuns incluem:

  • Faróis e luzes – Os feixes devem ser ajustados para circulação à direita (países como Inglaterra ou Japão têm regulagem invertida).
  • Velocímetro – Deve exibir velocidade em km/h ou ter escala dupla com km/h em destaque.
  • Emissões e controlo de poluentes – O motor e sistema de escape devem cumprir os limites europeus aplicáveis. Pode ser exigida instalação ou adaptação de catalisador, filtro de partículas (para diesel) ou ajustes eletrónicos para respeitar os valores de CO2, NOx, etc.

Dica: Para confirmares a classe de emissões do veículo ou verificares se ele cumpre os padrões locais, um relatório da carVertical é uma ajuda preciosa – costuma incluir dados detalhados sobre as emissões e o historial do carro.

2. Calcula todos os custos

Uma boa preparação ajuda-te a perceber se vais fazer um bom negócio face aos preços praticados em Portugal. O ideal é começares por definir um orçamento realista – e deixares uma margem para imprevistos.

Preço do veículo

Este é o ponto de partida. Pesquisa modelos semelhantes em sites nacionais e estrangeiros para perceberes o intervalo de preços. Avalia se compensa comprar o carro lá fora.

Com o relatório da carVertical, consegues ver o valor de mercado estimado para o modelo que estás a considerar. Assim, evitas preços inflacionados. Se o preço estiver muito abaixo do normal (por exemplo, 30%), ou há um erro… ou é uma burla.

Dica: Paga sempre por transferência bancária ou cartão de crédito. Evita pagamentos em dinheiro – ficas sem comprovativo e sem proteção legal se algo correr mal.

Custos adicionais

Ao preço do carro, soma os seguintes encargos:

  • ISV: depende da cilindrada, das emissões, e da idade do veículo; pode ir desde algumas centenas até vários milhares de euros. Por exemplo, importar um Renault Captur 1.5 dCI (2017) de França, com emissões de 95 g/km de CO2, implica um pagamento de cerca de 715 € de ISV.
  • Transporte: depende da distância, método (camião, navio, ou condução própria) e país de origem; pode ir de 200 € a mais de 1000 €.
  • Inspeção tipo B em Portugal: obrigatória para veículos importados; custa 127,93 € no caso de ligeiros, pesados, reboques, e semirreboques; ou 63,97 € no caso de motociclos, triciclos, e quadriciclos.
  • Atribuição de matrícula em Portugal (DUA): se o veículo tiver COC ou homologação nacional, pagas 45 €. Se não tiver COC, o preço é 165 €.
  • Chapa de matrícula portuguesa: custa aproximadamente 20 € numa loja de peças automóveis.
  • Registo de propriedade em Portugal: 46,75 € se for efetuado no portal Automóvel Online; 55 € se for efetuado num balcão do IRN ou numa Loja do Cidadão.

Além desses valores, ainda podes ter de pagar:

  • COC: se o proprietário do veículo não tiver o COC, terás de solicitá-lo ao fabricante. Pode custar entre 150 € e 450 €, dependendo da marca.
  • Taxas alfandegárias: se o veículo for extra-UE/EFTA, poderás ter de pagar até 10% sobre o valor declarado do veículo.
  • IVA: se o carro for novo, terás de pagar IVA (23% sobre o valor total da compra).
  • Modificações obrigatórias: se o veículo for extra-UE/EFTA e precisar de alterações, podes ter mais custos, que variam dependendo da complexidade das modificações.
  • Possíveis reparações: o preço varia conforme o estado do carro; deves ter uma reserva de segurança para eventuais reparações.

Dica: Verifica sempre os valores atualizados na Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), no Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), e no Instituto dos Registos e Notariado (IRN).

3. Escolhe um vendedor de confiança

Antes de avançares com a compra, certifica-te de que o vendedor é confiável – senão, o que parecia uma boa oportunidade pode acabar por se tornar um prejuízo.

Verifica a reputação do vendedor

Faz uma pesquisa rápida online: procura avaliações em sites especializados, fóruns de discussão, e opiniões de outros compradores. Se for um stand, confirma se está devidamente registado junto das autoridades locais.

Vendedores de confiança partilham todos os detalhes do carro, mostram-se disponíveis para responder às tuas perguntas, e aceitam uma revisão independente.

Confirma a titularidade do carro

Pede sempre o documento de registo original (como o DUA) para garantires que o vendedor é realmente o proprietário do veículo.

Dica: Se sentes que algo “cheira a esturro” – respostas vagas, falta de documentos, ou muita pressão para fechar negócio – o melhor é dares meia-volta. Mais vale perder uma oportunidade do que cair numa burla.

4. Analisa o historial do veículo

Antes de comprares um carro no estrangeiro, é fundamental conheceres o passado da viatura – histórico de quilometragem, acidentes, número de proprietários, entre outros.

Verifica o veículo pessoalmente ou através de alguém de confiança

Se não conseguires deslocar-te, pede a um amigo ou contrata um profissional local para visitar o carro. Ele pode confirmar se o estado real corresponde ao anúncio, verificar o número VIN, e dar-te uma opinião imparcial.

Também podes contratar uma empresa para tratar de todo o processo – compra, inspeção, recolha da documentação, transporte, e até desalfandegamento.

Dica: Quer estejas a tratar de tudo por conta própria ou através de um intermediário, verifica sempre o histórico do veículo através de uma pesquisa do número VIN.

Consulta o histórico de quilometragem

A quilometragem influencia muito o valor e a fiabilidade do carro. Infelizmente, a adulteração do conta-quilómetros é uma burla bastante comum – especialmente em carros importados. O relatório da carVertical ajuda-te a detetar alterações suspeitas.

Sinais de alerta comuns na quilometragem:

  • Lacunas nos registos: Grandes períodos sem registos de quilometragem podem indicar falta de manutenção ou tentativas de ocultar informação.
  • Quilometragem estagnada: O carro pode ter estado parado devido a problemas mecânicos.
  • Valores anormalmente baixos: Pode ter havido adulteração do conta-quilómetros.

Avalia o historial de acidentes (incluindo “titles” dos EUA)

Saber se o carro já esteve envolvido em colisões é essencial. Um relatório detalhado indica se houve danos, quando aconteceram, e qual o custo estimado de reparação.

Neste excerto de um relatório da carVertical, aparecem dois acidentes registados, com um custo estimado de reparação entre 501 € e 3000 €:

Se as reparações tiverem sido mal feitas, podes ter problemas mais tarde – tanto ao nível da segurança como do desempenho.

Atenção: Se estiveres a importar um veículo dos EUA, verifica os title brands”. Se o carro tiver designações como salvage (sinistrado) ou rebuilt (reconstruído), significa que sofreu danos sérios ou foi alvo de grandes reparações, por vezes devido a inundações.

Confirma a utilização anterior do carro

Saber quantos proprietários o carro já teve pode dar-te uma boa ideia de como foi mantido e até alertar para possíveis problemas. Se a propriedade tiver mudado com muita frequência é sinal de alerta.

Podes ter uma imagem mais clara ao cruzares as informações das secções Cronologia Propósito num relatório da carVertical: a secção Cronologia mostra as mudanças de proprietário ao longo dos anos, e a secção Propósito revela se o carro foi usado por forças policiais, empresas de aluguer de veículos, ou para outros fins comerciais.

Comprar um antigo táxi, carro da Polícia, ou viatura de aluguer pode ser arriscado, porque estes veículos costumam ser usados de forma mais intensiva, com muitas horas de condução e, por vezes, em condições exigentes.

Os antigos táxis e carros da Polícia costumam ter quilometragens elevadas; os carros de aluguer são conduzidos por muitas pessoas, muitas delas inexperientes. Estes fatores contribuem para um desgaste maior, tornando o carro mais propenso a avarias mecânicas.

5. Avalia o estado físico e mecânico

Depois de conheceres o historial do carro, deves avaliar o seu estado atual – idealmente com uma visita presencial ou inspeção profissional.

Procura sinais visíveis de desgaste:

  • Carroçaria: amolgadelas, riscos, ou ferrugem podem indicar acidentes ou reparações mal feitas.
  • Pintura: desgaste ou descoloração podem indicar exposição prolongada ao sol ou a intempéries.
  • Vidros e faróis: elementos partidos ou rachados podem ser dispendiosos de substituir.
  • Pneus: desgaste irregular pode sinalizar problemas de alinhamento ou suspensão.
  • Interior: estofos rasgados, maus odores, ou sujidade apontam para falta de cuidado.
  • Motor: atenção a fugas, correias desgastadas, e ruídos estranhos.

Dica: Se não conseguires ver o carro presencialmente, pede fotografias e vídeos detalhados ao vendedor. O relatório da carVertical pode incluir fotografias provenientes de inspeções, leilões, ou peritagens – são bastante úteis para identificar danos antigos.

Faz um test drive (se possível)

O test drive é uma das etapas mais importantes antes de comprar um carro – permite-te avaliar o desempenho, o conforto, e eventuais problemas mecânicos. Se conseguires visitar o vendedor no estrangeiro, aproveita para testar:

  • Aceleração e travagem: garante que o motor responde de forma suave e que os travões funcionam bem.
  • Ruídos estranhos: estalidos, rangidos, ou barulhos metálicos podem indicar problemas.
  • Conforto e condução: uma condução suave e uma direção responsiva são bons sinais.
  • Instrumentos e eletrónica: verifica se todas as luzes, mostradores, e elementos do sistema multimédia estão a funcionar.

Pede uma revisão profissional

Uma revisão profissional é essencial – sobretudo quando a compra é feita à distância. Um mecânico independente pode fazer uma inspeção no local ou até por videochamada. Esta revisão ajuda a identificar problemas menos óbvios, como alterações de categoria (por exemplo, uma carrinha registada como automóvel ligeiro), que podem trazer complicações legais mais tarde.

Verifica um número VIN

Evita problemas dispendiosos – verifica o histórico de qualquer veículo. Obtém já um relatório completo!

Choose input mode between VIN number and license plate

6. Planeia o transporte e o desalfandegamento

Depois de confirmares que o carro tem um bom historial e está em boas condições, é hora de tratar do transporte até Portugal. Um bom planeamento faz toda a diferença.

Compara os custos de transporte

Os preços variam consoante o país de origem, o método de transporte, e a urgência da entrega. Inclui no orçamento:

  • taxas de envio (camião, navio, ou transporte próprio);
  • seguro durante o transporte;
  • encargos de armazenamento caso o veículo fique retido num porto ou armazém à espera de desalfandegamento.

Escolhe o método de transporte

Podes conduzir o carro, contratar um camião de transporte, ou enviá-lo por mar.

  • Condução própria: pode ser mais económico, mas implica tempo, despesas com combustível, portagens, e seguros temporários (como uma matrícula provisória).
  • Transporte por camião: mais caro, mas seguro e prático para longas distâncias dentro da Europa.
  • Envio por navio: Ideal para veículos extra-Europa. Os prazos são mais longos e o desalfandegamento pode ser mais complexo.

Organiza a entrega e o levantamento

Se o veículo for entregue num porto ou centro logístico longe da tua zona de residência, considera os custos adicionais com deslocações, reboque, ou serviços de transporte local.

Dica: Mesmo dentro da União Europeia, a distância pode dificultar a logística. Compara rotas, tempos de entrega, e custos com diferentes transportadoras – e verifica se estas tratam também do desalfandegamento e da entrega ao domicílio.

7. Regista o veículo importado

Depois de o carro chegar a Portugal, é necessário legalizá-lo e registá-lo. Estes são os principais passos:

Passo 1: Inspeção tipo B no IMT

Logo que o veículo chegue a Portugal, marca a inspeção tipo B, obrigatória para carros importados. Esta inspeção avalia se o veículo cumpre as normas de segurança, ambientais, e técnicas em vigor.

Deves levar o Documento Único Automóvel que recebeste do vendedor, o COC (se o tiveres), e o Modelo 9 do IMT, devidamente preenchido.

Sem esta inspeção aprovada, não consegues avançar com o processo de legalização. Se o veículo for aprovado, vais receber um Certificado de Inspeção (modelo 112).

Passo 2: Preenchimento da DAV e pagamento do ISV/IVA

Depois da inspeção, deves preencher a DAV (Declaração Aduaneira de Veículos) no Portal das Finanças.

É aqui que pagas o ISV (Imposto Sobre Veículos) e, se aplicável, o IVA. Só após esta fase é possível avançar para o registo do veículo.

Atenção: Tens 20 dias após a entrada do carro em território nacional para entregar a DAV. Se falhares este prazo, serão aplicados juros de mora à taxa legal em vigor e coimas que podem chegar até 100 % do imposto em falta.

Passo 3: Pedido de homologação

Com o Certificado de Inspeção (modelo 112) e o COC, deves dirigir-te ao IMT para obteres o número de homologação nacional.

Se o veículo não tiver COC (Certificado de Conformidade), ou se houver alterações à versão homologada, terás de solicitar uma homologação individual no IMT.

Passo 4: Registo do veículo e emissão do DUA

Com tudo tratado, podes pedir a emissão do novo Documento Único Automóvel com matrícula portuguesa. Podes fazê-lo online, através do Automóvel Online, ou presencialmente, num balcão do IRN ou numa Loja do Cidadão. Tens 60 dias para fazê-lo.

Passo 5: Encomenda a chapa da matrícula

Agora que já tens o DUA, podes comprar ou encomendar uma chapa de matrícula numa loja que tenha esse serviço. Poderás ter de apresentar o DUA.

Passo 6: Pagamento do IUC

Depois de o carro estar registado, deves pagar o IUC (Imposto Único de Circulação). Este imposto é pago todos os anos. Podes emiti-lo e pagá-lo através do Portal das Finanças.

Passo 7: Contratação do seguro automóvel

Por fim, não te esqueças de contratar o seguro de responsabilidade civil antes de começares a conduzir.

Importar um carro pode compensar, mas exige alguma atenção. Segue os passos certos e evitas complicações desnecessárias.

Perguntas Frequentes

Renata Liubertaitė

Artigo de

Renata Liubertaitė

Renata é redatora com mais de 8 anos de experiência em publicações, marketing e empresas de SaaS. Escrevendo em vários domínios e cobrindo tópicos altamente técnicos, aprendeu a transformar coisas complexas em algo que todos possam compreender. Quando não está a escrever para a carVertical, aprecia projetos de bricolage e passeios de bicicleta espontâneos.